20.7.06

A noite em que não deste sinal

ontem, numa linha rápida
senti a solidão do vento gelado
nem ele me dava conversa

então o sol despede-se
o cobertor e eu repousando no frio da madrugada
um ouvido atento ao infinito...
junto com os olhos e a imaginação
o outro atento à cabeceira da cama
na companhia da esperança e da solidão
parada na porta, esperando não pernoitar

mas com ela reparti minha cama
nem os dois travesseiros me convenciam
sequer a luz do poste projetada na parede
até ela veio me ver

repouso o corpo da tensão da espera vã
agora entendo a expressão "peguei no sono"
agarrei-me a ele como a última condução
antes eu almejava a casa quente
há pouco me vinha o teu retrato me esperando

um café ou simplesmente algo bem mais essencial
tu
nem um tampouco outro
a condução me leva à manhã numa viagem sem volta
me detive ao sono
rendi-me ao descanso
depois da reza tomei a carruagem
vim parar na aurora

depois do banho
de água e de ervas
eis-me aqui

relato a solidão que é ficar mais ou menos longe
sem sentir teu perfume
sem sentir que algo querias me dizer
sentindo-me um monolingüe
numa terra de sábios

mas já é amanhã
e se o sol levanta e não pragueja
não me é de direito fazer diferente

19/07/2006
9h18

Um comentário:

Anônimo disse...

...noite... solidão... procura de alguém que não sei quem... e existe?... vazio... querer... imensidão... sonho... ainda bem que existe sol... consolo... escutando “Amsterdam” do Coldplay: "E eu saio do controle /
E eu prometo, espero e espero /
Eu tenho que sair deste buraco..."